segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Snuff
Enterre todos os seus segredos na minha peleDesapareça com inocência, e deixe-me com meus pecadosO ar ao meu redor ainda parece uma gaiolaE amor é somente uma camuflagem para o que parece ser raiva novamente...
Então se você me ama, deixe-me irE fuja antes que eu saibaMeu coração está sombrio demais para se importarEu não posso destruir o que não está láMe entregue ao meu DestinoSe estou sozinho, não tenho o que odiarEu não mereço ter você...Meu sorriso foi tomado há muito tempoSe eu posso mudar espero nunca saber
Eu ainda pressiono suas cartas junto aos meus lábiosE as guardo em partes de mim que saboreiam cada beijoEu não poderia encarar uma vida sem a sua luzMas tudo isso foi dilacerado... quando você recusou-se a lutar.
Então poupe seu fôlego, não irei ouvirAcho que deixei isso bem claroVocê não poderia odiar o bastante para amarIsso deveria ser o suficiente?Eu só queria que você não fosse minha amigaAssim eu poderia te machucar no finalEu nunca declarei ser um Santo...Meu interior foi banido há muito tempoA esperança precisou morrer para deixar-te ir
Então quebre-se contra as minhas pedrasE cuspa sua pena na minha almaVocê nunca precisou de nenhuma ajudaVocê me vendeu para se salvarE eu não ouvirei a tua vergonhaVocê fugiu - Vocês são todas iguaisAnjos mentem para manter o controle...Meu amor foi punido há muito tempoSe ainda se importa, não deixe que eu saibaSe ainda se importa, não deixe que eu saiba...
domingo, 22 de janeiro de 2012
QUERO DOS DEUSES
Quero dos deuses só que não me lembrem.
Serei livre - sem dita nem desdita,
Como o vento que é a vida
Do ar que não é nada.
O ódio e o amor iguais nos buscam; ambos,
Cada um com seu modo, nos oprimem.
A quem deuses concedem
Nada tem liberdade!
(Ricardo Reis)
LISBON REVISITED
Nada me prende a nada.
Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.
Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.
Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...
Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do sul impossível aguardam-me naufrago;
ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.
Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
As minhas cortes por existir, esfaceladas em Deus.
Por: Álvaro de Campos (1926)
XL - PASSA UMA BORBOLETA
Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.
(do "Guardador de Rebanhos" - Alberto Caeiro)
ENGANOS
Mergulhei no passado tentando
compreender o presente de uma vida
e descobrir em tantos enganos
a verdade escondida nas mentiras.
Em que dobra do tempo vivido
ela ficou perdida; oculta nas sombras,
tantas vezes negada ou transformada.
O tempo partilhado com o nada.
O prazer sofrido, sem o gozo
do ideal imaginado; perdido.
A mudança rápida de amores,
deixou a mágoa do vazio;
e, por não ser o amor verdade,
fiquei sozinho, sem compreender
o destino cruel que nos leva
a viver tudo o que não é.
compreender o presente de uma vida
e descobrir em tantos enganos
a verdade escondida nas mentiras.
Em que dobra do tempo vivido
ela ficou perdida; oculta nas sombras,
tantas vezes negada ou transformada.
O tempo partilhado com o nada.
O prazer sofrido, sem o gozo
do ideal imaginado; perdido.
A mudança rápida de amores,
deixou a mágoa do vazio;
e, por não ser o amor verdade,
fiquei sozinho, sem compreender
o destino cruel que nos leva
a viver tudo o que não é.
Victor Motta
sábado, 21 de janeiro de 2012
Nudez essencial
Eu acredito que a maior expressão da intimidade é desnudar a alma. Que, principalmente para isso, há que se ter coragem. Podemos viver uma vida inteirinha sem conseguir perder esse tipo de recato. Desnudar a alma e mostrar para o outro: isso aqui sou eu. Isso aqui também sou eu. E isso e isso e isso. Isso que você não imagina nem em sonho, acredita, sou eu de vez em quando. Isso que nem é confortável admitir porque contradiz, na prática, a minha fala, sou eu. Isso que escapole do meu controle, das minhas estratégias, dos meus planos, do meu discurso. Isso que não acontece no tempo do relógio. Isso que é lugar que está fora de qualquer mapa que alguém possa conseguir para localizar onde estou. Isso que nem sei direito o que é, de tão novo, sou eu. Isso que nem sei mais direito o que é, de tão antigo, sou eu. Isso, lindo à beça, sou eu. Isso, complicadinho assim, sou eu. E mais um monte de coisas que nem posso mostrar porque não conheço ainda e talvez nunca descubra.
Eu acredito que a maior expressão da intimidade é desnudar o que a gente sente. É ser com o sentimento em voz alta. Os corpos, por mais singulares que dadivosamente sejam, são previsíveis; as almas, não. Aí é que entra o amor. Que acolhe. Que abraça. Que quer ver. Que quer ver além das aparências. Amar é sorrir para a nudez essencial do outro com a mesma graça, com a mesma generosidade, com que a gente sorri para a nossa. Com o mesmo afeto. Com a mesma fé. Estamos todos nos despindo, pouco a pouco, nesse strip-tease evolutivo, e sabemos que não é fácil. Há que se ter coragem para ficar nu de alma inteira diante de nossos próprios olhos e, principalmente, diante de outro olhar. Há que se ter coragem para ficar nu, até onde essa nudez nos é possível. Mas, com todo e qualquer embaraço, acho que, no fundo, é essa intimidade genuína que queremos ter cada vez mais com nós mesmos e cada vez mais aprendermos a trocar.Amar é ver a alma do outro nua e, por tudo o que se vê, apesar de tudo o que se vê, manter o olhar encantado e cuidadoso. O amor não precisa vestir motivos. O amor é nu.
Por: Ana Jacomo
Poesia, ah poesias...
Alegres, melancólicas,
Aquela encontrou o amor
Lembra-me Carlos, não o Drummond
A nostalgia da noite me chama
E aí vem esse tal soneto
O de fidelidade ou de separação
Até a felicidade encontrei com Quintana
Chocolate, ah que delícia...
O antídoto da ansiedade
O veneno que assusta tal corpo
O admirado que não é “mundo novo”
Como te veneram!
O doce que seduziu pela doçura
Velhos, novos, não importa
És aplaudido de pé
Já pensou saborear vocês
Sentir o teu sabor chocolate
Ser servido de poesia e sonho
Ah! Belo encontro dos opostos.
Vera Gaiata
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
TRÊS PÉROLAS
Trás a beleza serena e impulsiva do tempo
O mundo pode não perceber o perfume dessa rosa
Por que se escondes em meio a espinhos?
A fúria às vezes impulsiona sua expressão
Mas seu brilho e sonhos revelam sua ternura...
A natureza rústica talvez a fez assim
Explosão que por vezes dirige seu caminho
Ama, sente raiva e sorri intensamente
É insensata, prudente... depende do momento
Mas persegue sua estrela como poucos
Ei...faceira menina!
Muita gente só vê teu feitio
Talvez se escondas do teu ser
Mas há aqueles que descobrem algo mais
O reflexo interior da lucidez
Pérolas preciosas...!
Busca seus sonhos sem o gênio da lâmpada
Presentes que saíram da cartola
Trazem a tona os desafios!
Autoria: Vera Gaiata
Com o tempo
"Tenho aprendido com o tempo que a felicidade vibra na freqüência das coisas mais simples. Que o que amacia a vida, acende o riso, convida a alma pra brincar, são essas imensas coisas pequeninas bordadas com fios de luz no tecido áspero do cotidiano. Como o toque bom do sol quando pousa na pele. A solidão que é encontro. O café da manhã com pão quentinho e sonho compartilhado. A lua quando o olhar é grande. A doçura contente de um cafuné sem pressa. O trabalho que nos erotiza. Os instantes em que repousamos os olhos em olhos amados. O poema que parece que fomos nós que escrevemos. A força da areia molhada sob os pés descalços. O sono relaxado que põe tudo pra dormir. A presença da intimidade legítima. A música que nos faz subir de oitava. A delicadeza desenhada de improviso. O banho bom que reinventa o corpo. O cheiro de terra. O cheiro de chuva. O cheiro do tempero do feijão da infância. O cheiro de quem se gosta. O acorde daquela risada que acorda tudo na gente. Essas coisas. Outras coisas. Todas, simples assim.
Tenho aprendido com o tempo que a mediocridade é um pântano habitado por medos famintos, ávidos por devorar o brilho dos olhos e a singularidade da alma. Que grande parte daquilo em que juramos acreditar pode ser somente crença alheia que a gente não passou a limpo. Que pode haver algum conforto no acordo tácito da hipocrisia, mas ele não faz a vida cantar. Que se não tivermos um olhar atento e generoso para os nossos sentimentos, podemos passar uma jornada inteira sem entrar em contato com o que realmente nos importa. Que aquilo que, de fato, nos importa, pode não importar a mais ninguém e isso não tem importância alguma. Que enquanto não nos conhecermos pelo menos um pouquinho, rabiscaremos cadernos e cadernos sem escrever coisa alguma que tenha significado para nós."
Por: Ana Jácomo
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Sou um pouco dos meus amigos,
um pouco da minha casa,
Sou parte do que me faz feliz,
uma parcela de sonhos.
Sou de tudo um pouco, um pouco de tudo.
Sou parcialmente um ser bizarro,
logo, sou um ser humano.
Sou uma saudade ambulante de um passado,
e uma expectativa insistente de um futuro melhor.
Sou o ódio e a simpatia,
o sorriso e a cara amarrada.
Sou os erros que cometi,
e os passos certos que dei.
Simplificadamente; sou uma vida que já viveu,
e ao mesmo, tempo uma vida que ainda está para viver.
um pouco da minha casa,
Sou parte do que me faz feliz,
uma parcela de sonhos.
Sou de tudo um pouco, um pouco de tudo.
Sou parcialmente um ser bizarro,
logo, sou um ser humano.
Sou uma saudade ambulante de um passado,
e uma expectativa insistente de um futuro melhor.
Sou o ódio e a simpatia,
o sorriso e a cara amarrada.
Sou os erros que cometi,
e os passos certos que dei.
Simplificadamente; sou uma vida que já viveu,
e ao mesmo, tempo uma vida que ainda está para viver.
Deborah Strougo
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Tomara que a neblina das circunstâncias mais doídas não seja capaz de encobrir por muito tempo o nosso sol. Que toda vez que o nosso coração se resfriar à beça, e a respiração se fizer áspera demais, a gente possa descobrir maneiras para cuidar dele com o carinho todo que ele merece. Que lá no fundo mais fundo do mais fundo abismo nos reste sempre uma brecha qualquer para ver também um bocadinho de céu.Tomara que os nossos enganos mais devastadores não nos roubem o entusiasmo para semear de novo. Que a lembrança dos pés feridos quando, valentes, descalçamos os sentimentos, não nos tire a coragem da confiança. Que sempre que doer muito, os cansaços da gente encontrem um lugar de paz para descansar na varanda mais calma da nossa mente. Que o medo exista, porque ele existe, mas que não tenha tamanho para ceifar o nosso amor.Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de busca a ideia da alegria.Tomara que apesar dos apesares todos, dos pesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão da felicidade.Tomara.
"Quem honra aqueles que ama com a vida que leva?
Quem manda monstros para nos matar, e, ao mesmo tempo, diz que não vamos morrer?
Quem nos ensina a verdade e como rir das mentiras?
Quem decide por que vivemos por que morreremos para nos defender?
Quem nos acorrenta?
E quem guarda a chave que pode nos libertar?
É você. Tem todas as armas de que precisa. Agora lute."
Frase retirada do filme: Mundo Surreal - Recomendo, assistam!
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