terça-feira, 1 de maio de 2012

Muralha

Hoje fiz uma coisa que a muito não fazia, chorar, isso mesmo, deixar as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
Há muito tenho guardado as lágrimas aqui dentro, sem motivo aparente, só por me mostrar forte mesmo diante das pessoas,só para não deixar transparecer que também sou humana, que tenho sentimentos.
Na verdade essas lágrimas não foram por um unico motivo, por um motivo especifico, elas são de tudo que me vem acontecido, de tudo que tenho suportado, sem deixar cai-las diante de ninguém. É engraçado, nunca fui das mais emotivas, muito menos das mais sentimentais, a todos sempre fui a rocha, a escora nos momentos de dificuldades, e nunca deixei ninguém chegar tão perto que me visse chorando ou tão perto a ponto de descobrir o que sinto lá no fundo.
A todos a minha volta sempre fui a menina boazinha, de genio forte, a fonte de segurança, de soluções para todos os problemas, sempre a mais confiavel, a mais calma, a mais correta, deliberadamente a "sra certinha". Mas poucos, ou melhor ninguém realmente me conhece a fundo, ninguém sabe o que guardo aqui dentro, ninguém sabe meus pensamentos, ninguem me conhece a ponto de prever uma verdadeira reação em momentos de raiva e ódio, pq sim, também tenho isso dentro de mim. Nem mesmo nas coisas do coração deixei transparecer o que sentia totalmente, pois isso era como demonstrar um ponto fraco, e cá pra nós ninguém quer expor seu ponto fraco.
Talvez esse tenha sido meu erro nos relacionamentos anteriores, esconder os sentimentos que haviam lá dentro. Não é questão de frieza no coração, mas sim questão de proteção ou melhor, precaução. Tenho mudado aos poucos quanto a isso também. E pensando exatamente nisso e várias outras coisas que me acontecem ultimamente hoje as lágrimas simplesmente escorreram por meu rosto, para colocar para fora exatamente algumas coisas que vem me atormentando a algum tempo.
Tantas coisas passam em minha mente,mas nunca há alguém para me escutar, ou nunca há alguém em quem eu possa confiar realmente, o mais irônico disso tudo, é que sempre sou a confiável, mas nunca confio em alguém afundo.
Talvez a muralha que eu tenha criado a minha volta esteja se destroçando aos poucos, quem sabe? Na verdade talvez seja bom, mas isso me agoniza, me mata aos poucos.
Durante toda a minha vida fui aos olhos dos outros o que todos queriam, a pessoa certa nas piores e melhores situações. Poucos conhecem a minha fúria, pq nunca a deixei transparecer, muitos talvez conheçam a minha alegria, pq sempre deixei sair o sorriso mais alegre, mas nunca a lágrima. As pessoas não me conhecem, não por escolha delas, mas por minha vontade, nunca deixei que ninguém chegasse tão perto a ponto de entrar em minha mente, até aqueles que acharam brincar comigo acabaram por se enganar.
É incrivel como as pessoas que se julgam as mais espertas e as mais envolventes acabam caindo em suas próprias armadilhas mentais e se enganam, mas tudo bem, não é isso que vem ao caso.
O que me ocorre é que durante algum tempo pensei que ser a muralha mais forte, impenetravel fosse o melhor pra mim, mas aos poucos estou chegando a conclusão que andei enganada todo este tempo, talvez a muralha venha a baixo, afinal as pessoas não conseguem carregar o peso do mundo em suas costas sem cair uma única vez.
Mas não sei se é este o momento de derrubar as paredes, estou a esperar mais um pouco, vamos ver durante quanto tempo mais aguento, firme nos meus ideais e com as minhas próprias assombrações.


Hélen Gomes

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